Perseguidor dos cristãos
Saulo de Tarso aparece pela primeira vez em Atos como um dos envolvidos no apedrejamento de Estêvão (At 7:58) e, em seguida, em conexão com a ampla perseguição que irrompeu em Jerusalém (At 8:1-5). Pedro, Estêvão, Filipe e Paulo desempenharam um papel significativo no livro de Atos, pois estavam envolvidos nos eventos que levaram à disseminação da fé cristã para além do mundo judaico. Estêvão é especialmente importante porque sua pregação e martírio parecem ter exercido uma influência profunda sobre Saulo de Tarso.
Estêvão, um judeu que falava o idioma grego, era um dos sete diáconos (At 6:3-6). De acordo com Atos, alguns judeus estrangeiros que foram morar em Jerusalém (v. 9) entraram em discussão com Estêvão acerca do conteúdo de sua pregação sobre Jesus. É possível, talvez até provável, que Saulo de Tarso estivesse envolvido nesses debates.
1. Leia Atos 6:9-15. Quais foram as acusações apresentadas contra Estêvão? Que lembranças essas acusações nos trazem? Mt 26:59-61
A feroz hostilidade para com a pregação de Estêvão parece ter resultado de duas coisas diferentes. Por um lado, Estêvão atraiu a ira de seus adversários por não dar importância primária à lei judaica e ao templo, que se haviam tornado o ponto focal do judaísmo e eram símbolos preciosos da identidade religiosa e nacional. Mas Estêvão fez mais do que simplesmente menosprezar esses dois valiosos ícones: ele proclamou vigorosamente que Jesus, o Messias crucificado e ressuscitado, era o verdadeiro centro da fé judaica.
Não é de admirar, então, que ele tenha irritado o fariseu Saulo (Fp 3:3-6), cujo zelo contra os cristãos primitivos indica que ele provavelmente pertencesse a uma ala rigorosa, intensamente revolucionária e militante dos fariseus. Saulo entendia que as grandes promessas proféticas do reino de Deus ainda não tinham sido cumpridas (Dn 2; Zc 8:23; Is 40-55), e ele provavelmente acreditasse que era sua tarefa ajudar Deus a tornar aquele dia uma realidade, o que se poderia fazer purificando Israel da corrupção religiosa, incluindo a ideia de que esse Jesus era o Messias.
Convencido de que estava certo, Saulo estava disposto a matar aqueles que ele pensava que estavam errados. Embora necessitemos de zelo e fervor por aquilo que cremos, como podemos aprender a temperar nosso zelo com a compreensão de que, às vezes, podemos estar equivocados?